O recente caso de incesto num povoado pobre do município de Pinheiro, no Maranhão, foi comparado ao do austríaco que mantivera a filha em cárcere privado, a estuprara e com ela tivera filhos. Esse caso do Maranhão, porém, e outros similares entre nós, devem ser interpretados à luz de nossa cultura rústica, diversa da que informa o caso da Áustria. O maranhense de 54 anos já havia abusado de sua filha mais velha e com ela tivera um filho. Começou a abusar da filha com quem estava vivendo agora quando tinha ela 12 anos. Mantinha a relação incestuosa havia 16 anos, da qual resultou o nascimento de sete filhos. A polícia recolheu ainda indicações de que ele havia abusado de duas filhas-netas, de 8 e 5 anos de idade. Fora abandonado pela mulher. Considera normal a ocorrência, o que não é estranho numa comunidade em que o caso só chegou às autoridades policiais pela voz de agentes de saúde e não de vizinhos.
Esse caso não é propriamente raro. Registrei algumas dezenas de casos de incesto em ocorrências que motivaram linchamentos e tentativas de linchamento no Brasil num período de meio século. Mais raros, sem dúvida, são os casos de procriação incestuosa, como esse. Nas comunidades sertanejas não são infrequentes os casamentos entre parentes próximos, de fundo incestuoso, com consequências só raramente visíveis. Tive notícia, há alguns anos, de remota comunidade no Piauí em que gerações de casamentos de aparentados resultaram em desproporcional ocorrência de casos de hermafroditismo.
Somos, historicamente, uma sociedade que discrepa um tanto das sociedades primitivas de referência nos estudos clássicos sobre o tabu do incesto, sociedades em que a prevenção da procriação incestuosa e o próprio incesto são bem demarcados. Nossas sociedades tribais, ritualmente divididas em metades que regulamentam os casamentos e impõem a troca matrimonial entre os membros das metades opostas, são sociedades desse tipo. O Brasil, no entanto, é historicamente um país leniente com a consanguinidade. Os estudos genealógicos aqui feitos desde o século 18 indicam uma constância de casamentos entre primos e primas e mesmo entre tios maduros e sobrinhas adolescentes. Matrimônios que sugerem uma sexualidade endogâmica e até de orientação pedofílica.
LEIA MATÉRIA COMPLETA NO SITE DO ESTADÃO:http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,as-lesoes-sociais-do-incesto,569090,0.htm
Esse caso não é propriamente raro. Registrei algumas dezenas de casos de incesto em ocorrências que motivaram linchamentos e tentativas de linchamento no Brasil num período de meio século. Mais raros, sem dúvida, são os casos de procriação incestuosa, como esse. Nas comunidades sertanejas não são infrequentes os casamentos entre parentes próximos, de fundo incestuoso, com consequências só raramente visíveis. Tive notícia, há alguns anos, de remota comunidade no Piauí em que gerações de casamentos de aparentados resultaram em desproporcional ocorrência de casos de hermafroditismo.
Somos, historicamente, uma sociedade que discrepa um tanto das sociedades primitivas de referência nos estudos clássicos sobre o tabu do incesto, sociedades em que a prevenção da procriação incestuosa e o próprio incesto são bem demarcados. Nossas sociedades tribais, ritualmente divididas em metades que regulamentam os casamentos e impõem a troca matrimonial entre os membros das metades opostas, são sociedades desse tipo. O Brasil, no entanto, é historicamente um país leniente com a consanguinidade. Os estudos genealógicos aqui feitos desde o século 18 indicam uma constância de casamentos entre primos e primas e mesmo entre tios maduros e sobrinhas adolescentes. Matrimônios que sugerem uma sexualidade endogâmica e até de orientação pedofílica.
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